Roque-de-castro
Hydrobates castro
Créditos: 
Afonso Rocha

O roque-de-castro ocorre durante todo o ano em toda a ZEE Portuguesa. Tem um comportamento marcadamente pelágico, aproximando-se pouco da costa, pelo que existem poucas observações da espécie a partir de terra. Existem duas populações de roque-de-castro com características morfológicas, períodos reprodutivos e vocalizações bastante distintas. A nidificação da população de verão ocorre de março a outubro e está apenas confirmada no arquipélago da Madeira, no entanto, existem registos auditivos da presença de indivíduos desta população nas Berlengas (Magnus Robb). A população de inverno nidifica entre setembro e fevereiro, conhecendo-se colónias nos Farilhões (Berlengas), Madeira e Açores.

Em Portugal a população nidificante encontra-se Vulnerável (VU). Nas Berlengas, a nidificação do roque-de-castro está confirmada no Farilhão Grande e, já durante as ações do LIFE Berlengas, foi também confirmada no Farilhão da Cova e no Farilhão do Nordeste, tendo-se encontrado três ninhos ocupados em cada ilhéu. Durante o projeto será explorada a hipótese de nidificação da espécie noutros ilhéus das Berlengas, nomeadamente naqueles onde o rato-preto não está presente. No Farilhão Grande, a população reprodutora foi estimada em cerca de 200 a 400 casais em 1995, e em 102 a 210 casais em 2012, sugerindo um decréscimo que, na realidade, poder-se-á dever a diferenças metodológicas nos dois censos. Um dos objetivos do LIFE Berlengas é aferir melhor a dimensão da população nidificante nas Berlengas.

O roque-de-castro nidifica em pequenas cavidades ou em fendas nas rochas em ilhas e ilhéus sem predadores, ou em cavidades de escarpas inacessíveis. A falta de cavidades para nidificação ou a fraca qualidade das cavidades disponíveis (ex. expostas à predação de gaivotas), podem ser um constrangimento para o roque-de-castro, pelo que se pretende construir 60 ninhos artificiais no Farilhão Grande e na ilha da Berlenga. A presença/introdução de predadores como o rato-preto, o aumento da pressão por parte de predadores naturais e a perturbação humana são as principais ameaças à conservação desta espécie.

Para procurar alimento este painho pode viajar grandes distâncias, mesmo durante a época de reprodução. No âmbito do projeto FAME um indivíduo foi marcado com um dispositivo de geolocalização (GLS) e foi possível perceber que entre os dias 23 e 28 de novembro se deslocou até ao largo de Marrocos em busca de alimento! O roque-de-castro alimenta-se de pequenos crustáceos planctónicos, pequenos peixes e cefalópodes, podendo tirar partido dos restos deixados por outros predadores, e aproveitar rejeições de pesca, pelo que a sua interação com embarcações de pesca constitui uma ameaça à sua conservação devido ao risco de mortalidade por captura acidental nas redes de pesca (bycatch). No LIFE Berlengas pretende-se caracterizar melhor as áreas de alimentação do roque-de-castro através da marcação com GLS de cerca de 40 indivíduos.